O Rio Grande do Norte
inventa líderes, Senhor Redator, daí a coleção de imitações e a dificuldade de
emplacar nomes de peso nacional. No passado, o sindicalismo gerou um
vice-presidente, Café Filho, ao lado de Getúlio Vargas. Uma vez no Palácio do
Catete, e com o suicídio de Vargas, assumiu a presidência e nomeou Seabra
Fagundes ministro da Justiça, continuando a grande linhagem de um Amaro
Cavalcanti. Depois, vieram Dinarte Mariz e Aluízio Alves, fechando a cortina da
última fortuna política.
Mais nenhum outro
espaço tivemos de fato na galeria nacional. O então senador Fernando Bezerra
foi ministro duas vezes e Garibaldi Filho, além de ter presidido o Senado, hoje
é ministro da Previdência, sem que fossem os construtores de instantes
políticos nacionais. Foram ocupações episódicas, nascidas de circunstâncias que
por várias razões foram favoráveis naquela hora. É diferente da história de um
Dinarte Mariz e um Aluízio Alves, estes sim, arquitetos de suas histórias
políticas ao longo de todo século vinte.
Erram os que julgam
Dinarte e Aluízio pela intolerância e o radicalismo naturais naqueles tempos em
que protagonizaram, nos anos sessenta e setenta, renhidos combates num período
político atravessado pela longa noite do golpe. Eram dois conservadores, de mando
forte, mas também marcados pelo espírito público que os fez realizadores de uma
matriz política que produziria as gerações seguintes, mesmo que em nenhuma
delas seja possível apontar, hoje, herdeiros políticos a altura de suas
referências históricas.
Quando as chamas do
dinartismo e do aluizismo demonstraram os primeiros sintomas de exaustão, como
se lhes faltassem o querosene para mantê-las acesas, tínhamos feito muito
pouco. Dinarte era órfão de sucessor e Aluízio, embora aquinhoado por um filho
deputado federal e um sobrinho senador, hoje campeões de votos, nunca foram
além de uma eficiência exemplar na renovação dos mandatos, mesmo que o sobrinho
tenha governado o Estado duas vezes, presidido o Senado e Ministro da
Previdência.
É preciso saber distinguir:
Aluízio não os fez por capricho diante da ditadura militar que arrancou das
suas mãos o mandato e, portanto, a própria cidadania política. Fez para
sobreviver até a madrugada de um novo tempo. E Dinarte fracassou, não por ser
incapaz de perceber a pobreza dos seus herdeiros, mas por ter sido vítima da
ambição. Resistiu. Não se uniu a Aluízio para que juntos sobrevivessem diante
de Tarcísio Maia que retornava à cena. Tarcísio fez. Mas, para destruir Dinarte
como se apenas substituísse.
Depois de manter a Paz
Pública no governo de Tarcísio e boa parte do período de Lavoisier Maia,
Aluízio percebeu que seu aliado não tinha limites na estratégia de ocupar
espaço de poder. Foi às ruas contra José Agripino e acabou imolado com uma
derrota de 107 mil votos. Agora, Maia e Alves estão juntos e o leitmotiv, para
todos os efeitos, é varrer Wilma de Faria da vida política. Um disfarce
perfeito para encobrir o caráter oligárquico que exercem na fabricação de
irmãos, cunhados, filhos e sobrinhos.
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