sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Serejo: Da arte de fabricar

Por: Vicente Serejo

 O Rio Grande do Norte inventa líderes, Senhor Redator, daí a coleção de imitações e a dificuldade de emplacar nomes de peso nacional. No passado, o sindicalismo gerou um vice-presidente, Café Filho, ao lado de Getúlio Vargas. Uma vez no Palácio do Catete, e com o suicídio de Vargas, assumiu a presidência e nomeou Seabra Fagundes ministro da Justiça, continuando a grande linhagem de um Amaro Cavalcanti. Depois, vieram Dinarte Mariz e Aluízio Alves, fechando a cortina da última fortuna política.

 Mais nenhum outro espaço tivemos de fato na galeria nacional. O então senador Fernando Bezerra foi ministro duas vezes e Garibaldi Filho, além de ter presidido o Senado, hoje é ministro da Previdência, sem que fossem os construtores de instantes políticos nacionais. Foram ocupações episódicas, nascidas de circunstâncias que por várias razões foram favoráveis naquela hora. É diferente da história de um Dinarte Mariz e um Aluízio Alves, estes sim, arquitetos de suas histórias políticas ao longo de todo século vinte.

 Erram os que julgam Dinarte e Aluízio pela intolerância e o radicalismo naturais naqueles tempos em que protagonizaram, nos anos sessenta e setenta, renhidos combates num período político atravessado pela longa noite do golpe. Eram dois conservadores, de mando forte, mas também marcados pelo espírito público que os fez realizadores de uma matriz política que produziria as gerações seguintes, mesmo que em nenhuma delas seja possível apontar, hoje, herdeiros políticos a altura de suas referências históricas.

 Quando as chamas do dinartismo e do aluizismo demonstraram os primeiros sintomas de exaustão, como se lhes faltassem o querosene para mantê-las acesas, tínhamos feito muito pouco. Dinarte era órfão de sucessor e Aluízio, embora aquinhoado por um filho deputado federal e um sobrinho senador, hoje campeões de votos, nunca foram além de uma eficiência exemplar na renovação dos mandatos, mesmo que o sobrinho tenha governado o Estado duas vezes, presidido o Senado e Ministro da Previdência.

 É preciso saber distinguir: Aluízio não os fez por capricho diante da ditadura militar que arrancou das suas mãos o mandato e, portanto, a própria cidadania política. Fez para sobreviver até a madrugada de um novo tempo. E Dinarte fracassou, não por ser incapaz de perceber a pobreza dos seus herdeiros, mas por ter sido vítima da ambição. Resistiu. Não se uniu a Aluízio para que juntos sobrevivessem diante de Tarcísio Maia que retornava à cena. Tarcísio fez. Mas, para destruir Dinarte como se apenas substituísse.

 Depois de manter a Paz Pública no governo de Tarcísio e boa parte do período de Lavoisier Maia, Aluízio percebeu que seu aliado não tinha limites na estratégia de ocupar espaço de poder. Foi às ruas contra José Agripino e acabou imolado com uma derrota de 107 mil votos. Agora, Maia e Alves estão juntos e o leitmotiv, para todos os efeitos, é varrer Wilma de Faria da vida política. Um disfarce perfeito para encobrir o caráter oligárquico que exercem na fabricação de irmãos, cunhados, filhos e sobrinhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário