Envolve também o conceito o estudo
antropológico da representação visual, no ritual, no espetáculo, no museu, na
arte ou na produção ou recepção dos meios de comunicação de massa, os media.
Ver em inglês artigo sobre esta matéria
Aplica-se a designação para exprimir a ideia
de observação do real pela imagem, tida como mais “fiel” do que a palavra ou o
discurso (ver sobre este tema ensaios ‘’online” de Ricardo Costa), ou como
prova objectiva de determinado evento ou realidade.
No fundo, o conceito de antropologia visual,
embora se restrinja às aplicações que se usam nos métodos da ciência, no
sentido lato é uma questão central que surgiu desde que o Homem é homem : no
momento em que resolveu representar-se a si próprio pela imagem.
Desenvolvimento
Pode se considerar como precursores da
antropologia visual Walter Baldwin Spencer e Rudolf Poch, (Rony, 1966) eles
utilizaram pela primeira vez a máquina de filmar nas suas expedições,
retratando os hábitos de aborígenes para a criação de arquivos na Alemanha,
notando eles, pela primeira vez também, as distorções de comportamento das
pessoas representadas, distorções essas derivadas da simples presença e uso
dessa ferramenta, a câmara. Cultivam a antropologia visual, cada um a seu modo,
Robert Flaherty (cineasta e não cientista, mas inspirador do movimento),
Margaret Mead, Gregory Bateson (Trance and Dance in Bali) (artigo em inglês),
Marcel Griaulle (artigo em inglês), Germaine Dietrerlen (artigo em francês),
Jean Rouch, este numa perspectiva menos convencional, misturando documentário e
ficção em muitas das obras etno-cinematográficas que realiza, abrindo novas
portas à pesquisa antropológicas e à modernidade do cinema. Há imagens (sempre
as houve) em que o real se transfigura em arte, ao pôr a nu a beleza da
verdade.
Marcel Mauss (1872 - 1950) em seu Manual de
Etnografia (1947) situa o uso da fotografia entre os métodos de observação no
trabalho de campo. Destaca o valor da fotografia aérea, como auxiliar da
cartografia e do recurso das telefotos (para se evitar poses) recomendando
também a documentação fotográfica de todos os objetos e o uso excessivo de
imagens ou sua utilização sem registro detalhado (hora, local, distância, etc.)
das circunstâncias de sua utilização. Devem ser realizados comentários sobre
cada fotos e essas anotações incluídas no diário de campo. Observe-se, nessa
perspectiva, a qualidade dos registro e anotações de Bronisław Malinowski (1884
- 1942) na sua pesquisa entre os nativos dos arquipélagos da Nova Guiné e
Melanésia.
Cabe aos antropólogos atuais diferenciar as
contribuições de real valor etnográfico entre a profusão de imagens de nossa
época, face ao desenvolvimento das novas midias e entre os pintores /
desenhistas das grandes expedições naturalísticas tais como John Webber ( 1751-
1793 ), Jean-Baptiste Debret (1768 – 1848), Rugendas (1802 - 1858) e nesse
sentido é esclarecedor a colocação de Etienne Samain sobre tais documentaristas
historiadores:
..."reconhecemos, primeiro, que não
faltam pesquisadores que não têm uma formação antropológica consistente e que,
no entanto, lançam-se de corpo e alma, com toda a parafernália ótica, na
aventura visual antropológica. Seus empreendimentos são generosos, sem dúvida,
mas nos decepcionam rapidamente, ou porque não souberam medir suficientemente a
viabilidade das realizações que vislumbravam, ou porque imaginaram que podiam
fazer a economia da complexidade dos fatos antropológicos que procuravam
registrar"... (Samain, 1995)
Antropologia visual no Brasil
Buscando os precursores dessa ciência no
Brasil não podemos deixar de contemplar a beleza e perfeição técnica da obra de
Marc Ferrez (1843 - 1923) e mais recentemente do também franco-brasileiro Pierre
Verger (1902 - 1996). O primeiro fotógrafo, foi um brasileiro, filho dos
franceses Alexandrine Caroline Chevalier e de Zéphyrin Ferrez, gravador de
medalhas e escultor vindo como membro da Missão Artística Francesa homônimo do
tio e escultor Marc Ferrez presente nessa mesma missão, retratou cenas dos
períodos do Império e início da República, entre 1865 e 1918. Poderia ser
considerado um pioneiro da Antropologia Visual no Brasil, contudo não era essa
a sua auto - referência, pois mais identificado por força de sua época, como um
naturalista - historiador e antes de mais nada fotógrafo, nos deixou um legado
sobre a vida urbana, rural e selvagem do Brasil que nos obriga a uma reflexão
sobre antropologia e história. Torna-se evidente em seu trabalho sobre o Brasil
a a identificação das etnias formadoras e/ou da processo histórico da
colonização e, por força de sua inserção social, como documentarista integrante
do governo brasileiro a ótica de registrar e progresso e avanço tecnológico de
nosso país.
Pierre Verger foi um fotógrafo e etnólogo
autodidata. Assumiu o nome religioso Fatumbi por também ser um babalawo
(sacerdote Yoruba) e de certo modo por ter dedicado grande parte de sua obra,
ainda não completamente conhecida e estudada, à cultura e religiosidade negra
no Brasil e África.
Filme
etnográfico
Etno-ficçãoDoc-ficção (como objecto de estudo)
Filme de ficção (como objecto de estudo)
Novas Midias
Objectos de estudo
o olhoa percepção visual
a análise da imagem
a interpretação da imagem
a realidade - "o real"
Antropologia da arte
Bibliografia
COSTA, Ricardo. A outra face do espelho. Jean Rouch e o “outro” PDF Set. 2012
COLLIER,
John . Antropologia visual, a fotografia como método de pesquisa. SP, EDUSP, 1973FISCHER, Michael D.; ZEITLYN, David. Visual anthropology in the digital mirror: Computer-assisted visual anthropology University of Kent at Canterbury, 2003 HTML, en. Set. 2012
KHOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. Fotografia e Interdito. RBCS Vol. 19 nº. 54 fevereiro/2004 PDF Set. 2012
MAUSS, M. Manual de Etnografia. Lisboa:Ed.Portico, (1947) 1972.
SAMAIN, Etienne. “Ver” e “dizer” na tradição etnográfica: Bronislaw Malinowski e a fotografia. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 1, n. 2, p. 23-60, jul./set. 1995 PDF Set. 2012
RUBY, Jay. Visual Anthropology. In Encyclopedia of Cultural Anthropology, David Levinson and Melvin Ember, editors. New York: Henry Holt and Company, vol. 4:1345-1351, 1996 HTML, en. Set. 2012
SOLHA, Helio Lemos. A Construção dos Olhares. Tese de mestrado sobre a Antropologia Visual (Unicamp), Campinas, SP 1998 Download Set. 2012
RONY, Fatimah Tobing. The Third Eye: Race, Cinema, and Ethnographic Spectacle. Duke University Press, 1966 Google Books Set. 2012
Ligações externas
em português Recursos sobre antropologia
visual (CEAS).GREI - Grupo Interdisciplinar de Estudos da Imagem sobre Antropologia e Sociologia da Imagem.
Fundação Pierre Verger
em francês Société Française d'Anthropologie Visuelle
em espanhol Revista Chilena de Antropología Visual
em inglês Society for Visual Anthropology
Visual Anthropology.net.
Webring - Visual Anthropology
Center for Visual Anthropology University of Southern California. Set. 2012
John Collier (anthropologist)'s photographs, on Flickr Set. 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário